Um recorte premiado sobre o Prêmio Açorianos de Criação Literária 2014 - Armindo Trevisan

        
Armindo Trevisan foi vencedor do Livro do Ano e também 
na categoria Poesia Foto: Luciano Medina

POR ARMINDO TREVISAN

    "Tenho uma trajetória literária que pode ser considerada "extensa", visto já ter publicado aproximadamente 16 livros de poemas e 16 livros de ensaios , estes de natureza literária, estética, e artística.
           No passado recebi, também, alguns prêmios. Mas os dois Prêmios Açorianos recentes, o de "Livro de Poesia", e o de "Livro do Ano" me surpreenderam. Principalmente o atribuído à minha coletânea poética Adega Imaginária como "O Melhor Livro do Ano". Tal prêmio me deixou emocionado. Por uma razão: a Poesia não tem merecido nas últimas décadas a consideração que poderia merecer dos meios de comunicação, da imprensa cotidiana, e do público em geral, que dá a impressão de ter desaprendido a ler poesia. A poesia foi praticamente banida das escolas. O espaço nos jornais e revistas para ela, para a produção literária em geral, ficou menor. A economia, a política, os faits divers, bem como os shows, perfomances, etc. absorvem a atenção do público. Segundo minha opinião, seria preciso favorecer os esforços dos pensadores, dos historiadores, e dos poetas e escritores em geral, que se interessam em abordar os temas relacionados com a condição humana, com aquilo que os sociólogos chamam de "visão humanística". Penso que um povo que não destina parte de seu tempo a reciclar sua reflexão sobre seu próprio destino pessoal e coletivo, tende a esquecer o carácter civilizatório e cultural do progresso tecnológico e científico. A intolerância e a frivolidade aproveitam semelhante brecha para introduzirem nela vírus perversos que fazem esquecer os "Direitos da Pessoa Humana". Tenho a convicção pessoal de que existe na Poesia um antídoto ao ódio, ao orgulho, à crueldade. Diria que sem um mínimo de poesia na "Cesta Básica do Psiquismo Humano" não existe autêntica felicidade neste mundo."

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Armindo Trevisan é natural de Porto Alegre. É doutor em Filosofia pela Universidade de Fribourg, na Suíça e foi professor de História e Estética da Arte pela UFRGS. Pela sua obra, que reúne cerca de 30 livros, entre poesia, ensaios e traduções, foi agraciado com inúmeras homenagens, como Prêmio Nacional de Poesia Gonçalves Dias, em 1964, por A surpresa de ser; Prêmio Nacional de Brasília, em 1972, por O Abajur de Píndaro; e  Prêmio APLUB de Literatura, em 1977, por A dança do fogo. Além disso, foi patrono da 47ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre em 2001. 

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